O sonho de muitos médicos, enfermeiros, fisioterapeutas e outros profissionais de saúde é atuar nos Estados Unidos, país referência em tecnologia, pesquisa e remuneração. 

Contudo, o mercado americano também é um dos mais exigentes quando o assunto é exercício profissional por estrangeiros. 

Por isso, entender como funciona o processo de imigração para profissionais da saúde nos Estados Unidos é o primeiro passo para transformar esse objetivo em realidade. 

Neste artigo, vamos esclarecer os pontos principais para que você compreenda quais são os caminhos possíveis para trabalhar legalmente na área da saúde nos Estados Unidos. 

Perguntas frequentes sobre a imigração profissional 

1. Quanto tempo leva o processo de imigração para profissionais da saúde nos Estados Unidos? 

O tempo varia entre 1 e 3 anos, dependendo do tipo de visto e da profissão. 

2. Quais são os custos médios? 

O processo pode custar entre US$ 8 mil e US$ 20 mil, incluindo taxas, traduções e provas de revalidação. 

3. Preciso já ter um emprego para imigrar? 

Não necessariamente. Vistos como o EB-2 NIW e o EB-1A permitem imigrar sem oferta de trabalho. 

4. Todos os profissionais precisam revalidar o diploma? 

A maioria sim, especialmente médicos, enfermeiros e fisioterapeutas. Algumas áreas de pesquisa não exigem licença clínica. 

5. O inglês é obrigatório para começar o processo? 

Sim. É essencial ter nível avançado de inglês, principalmente técnico, para lidar com documentos, provas e entrevistas. 

Quais profissionais de saúde podem imigrar para os Estados Unidos? 

A previsão de enfraquecimento do mercado de saúde nos Estados Unidos é baseada na perspectiva de envelhecimento da população e escassez de profissionais da área.  

De acordo com a ONU News

A maior parte dos agentes de saúde têm entre 35 e 44 anos, mas o envelhecimento do setor é um problema em nações como Estados Unidos, onde quase a metade dos médicos têm 55 anos ou mais. 

A preocupação agora é treinar as novas gerações. 

Assim, qualquer profissional da saúde formado fora dos Estados Unidos pode imigrar e atuar legalmente, desde que cumpra as exigências de validação da profissão e obtenha o visto adequado, para suprir a demanda da área. 

Oportunidades para profissionais da saúde nos EUA

Entre os principais profissionais de saúde que encontram oportunidades nos Estados Unidos estão: 

  • Médicos de diferentes especialidades: segundo comunicado da Associação Médica Americana (AMA) em 2023, estima-se que cerca de 83 milhões de pessoas vivem atualmente em áreas onde não há médicos suficientes para atendimento à população, com carência que vai desde clínicos gerais até especialidades diversas.  

A associação destaca que, devido ao déficit de profissionais, muitos médicos acabam dobrando turnos, o que tem levado à exaustão e pedidos de demissão; além disso, a faixa etária predominante na classe médica em atividade é de 50 a 55 anos, reflexo da falta de interesse ou da dificuldade financeira das gerações mais jovens em arcar com os altos custos da formação em medicina.  

Entre os estados que mais necessitam de médicos e oferecem melhores salários estão Flórida, Califórnia, Novo México, North Dakota e Arkansas, segundo o site especializado Zippia

  • Fisioterapeutas: há pouco interesse entre os mais jovens em se formar e atuar como fisioterapeutas, embora o envelhecimento da população americana torne essa profissão cada vez mais necessária, o que tem levado muitas clínicas e hospitais a contratar imigrantes qualificados com as licenças exigidas para exercer a função. 

A American Physical Therapy Association (APTA) reportou que, ao final de 2022, a média era de 57 fisioterapeutas empregados para cada 100 mil habitantes nas grandes regiões metropolitanas. 

Profissionais bem qualificados podem alcançar remunerações anuais superiores a 100 mil dólares, variando conforme a região, sendo Califórnia, Nevada, New Jersey, Alaska e Connecticut os estados com os melhores salários, de acordo com o U.S. News & World Report’s Best Jobs of 2023. 

  • Dentistas e cirurgiões-dentistas: existem apenas 60 dentistas para cada 100 mil habitantes nos Estados Unidos, de acordo com a Health Resources and Services Administration (HRSA).  

A carência de dentistas já é antiga, mas intensificou-se nos últimos anos, ampliando a demanda por profissionais qualificados, inclusive imigrantes, em diversas regiões do país. 

  • Enfermeiros e técnicos de enfermagem: estima-se que o déficit de enfermeiros nos Estados Unidos chegue atualmente a 1,1 milhão de profissionais, com destaque a pandemia, em que carência tornou-se ainda mais evidente e levou o governo americano a flexibilizar algumas regras para permitir a entrada de enfermeiros estrangeiros no mercado de trabalho.  

Ainda assim, a demanda por profissionais de enfermagem continua crescendo, impulsionada principalmente pelo envelhecimento da população americana.  

De acordo com a Drexel University, os estados que mais necessitam de enfermeiros são Califórnia, Texas, Nova York, Flórida e Pensilvânia, sendo a Califórnia também a região que oferece as melhores remunerações, ultrapassando os 100 mil dólares anuais. 

No entanto, é importante lembrar que cada profissão tem exigências específicas, seja para dentistas, médicos ou fisioterapeutas 

A diferença entre imigração e revalidação de diploma 

Um dos erros mais comuns é confundir o processo de imigração com a revalidação do diploma. Embora os dois estejam relacionados, eles são etapas diferentes: 

  • Imigração: envolve o pedido de visto, green card ou autorização de residência para viver legalmente nos Estados Unidos. É a parte burocrática que permite ao profissional permanecer no país
  • Revalidação de diploma: refere-se ao processo de validação acadêmica e profissional para poder atuar legalmente na área da saúde dentro dos Estados Unidos. Isso inclui provas, certificações e, muitas vezes, realização de residência ou complementação de estudos. 

Ou seja, é possível imigrar para os Estados Unidos sem revalidar o diploma, mas, nesse caso, você não poderá exercer a sua profissão na área da saúde até concluir o processo de validação. Por isso, ambos os caminhos devem ser planejados em conjunto. 

Tipos de vistos disponíveis 

Os vistos são um dos pontos mais importantes do processo de imigração. Para profissionais da saúde, existem diferentes categorias, e a escolha depende do perfil do candidato. Os principais são: 

EB-2 NIW (Employment Based Second Preference) 

O EB-2 NIW é um dos vistos mais utilizados por profissionais de saúde, pois permite solicitar o green card sem a necessidade de oferta de emprego, desde que o profissional comprove que sua atuação será de interesse nacional. 

Logo, seus critérios são: 

  • Advanced Degree (Grau Avançado): o trabalho ao qual você se candidata deve exigir um diploma avançado, e você precisa possuir esse diploma ou um equivalente estrangeiro (como um bacharelado ou equivalente internacional acompanhado de, no mínimo, cinco anos de experiência profissional progressiva após a graduação).  

Além disso, é necessário atender a todos os demais requisitos estabelecidos na certificação de trabalho vigentes na data de prioridade. 

  • Exceptional Ability (Habilidade Excepcional): é preciso demonstrar habilidade excepcional nas áreas de ciências, artes ou negócios, entendida como um nível de especialização significativamente superior ao normalmente encontrado nessas áreas.  

Além disso, deve cumprir todos os requisitos estabelecidos na certificação de trabalho, quando aplicável. 

EB-1A 

O EB-1A é voltado para profissionais de destaque internacional, isto é, médicos ou pesquisadores com publicações relevantes, prêmios ou reconhecimento acadêmico. 

Saiba mais: Como completar os requisitos para EB-1A?  

H-1B 

O H-1B é indicado para profissionais que recebem uma oferta de emprego de uma instituição americana. Nesse caso, é necessário que o empregador patrocine o visto, o que pode ser um desafio, pois exige que a empresa comprove a necessidade de contratar um estrangeiro. 

Suas características são: 

  • Requer grau de bacharelado ou superior em campo específico, ou experiência equivalente.  
  • É necessária uma oferta de emprego num cargo que exija conhecimento especializado.  
  • O empregador americano deve patrocinar o visto.  
  • O empregador precisa submeter uma Labor Condition Application (LCA, aprovação junto ao Departamento do Trabalho dos Estados Unidos) para garantir que os salários e condições de trabalho não prejudiquem os trabalhadores americanos. 
  • Normalmente o visto H-1B permite permanência inicial de até 3 anos, prorrogáveis para até 6 anos. 
  • Cônjuge e filhos menores de 21 anos podem acompanhar o titular do H-1B com vistos na categoria H-4, tendo algumas permissões, como estudo e autorização de trabalho. 

J-1 

O J-1 é um visto temporário, com foco em programas de residência ou intercâmbio, e exige que o profissional, ao final do programa, retorne ao seu país de origem por pelo menos dois anos, processo conhecido como ‘mandatory home residence requirement’. 

Documentos exigidos para imigrar como profissional da saúde 

O processo documental pode variar conforme o visto escolhido e a profissão do candidato. Porém, alguns documentos são geralmente exigidos: 

  • Diploma e histórico acadêmico traduzidos para o inglês e validados. 
  • Provas de experiência profissional (cartas de empregadores, registros em conselhos de classe, certificados de residência ou especialização). 
  • Passaporte válido. 
  • Currículo detalhado em inglês. 
  • Certificados de proficiência em inglês (TOEFL ou IELTS, em alguns casos). 
  • Comprovante de recursos financeiros, dependendo do visto. 
  • Formulários específicos exigidos pelo USCIS (órgão de imigração dos Estados Unidos). 

No caso de médicos, fisioterapeutas e dentistas, também é necessário apresentar documentos aceitos, respectivamente, pelos órgãos ECFMG (Educational Commission for Foreign Medical Graduates), FCCPT (Foreign Credentialing Commission on Physical Therapy) e CODA (Commission on Dental Accreditation). 

É possível imigrar sem oferta de trabalho? 

Muitos profissionais da saúde conseguem, sim, imigrar sem uma oferta de emprego prévia por meio de vistos como o EB-2 NIW ou o EB-1A, sendo categorias vantajosas por não dependerem de patrocínio de empregador. 

No entanto, elas exigem comprovações sólidas de experiência, impacto da atuação profissional e relevância para os Estados Unidos. 

Já vistos como o H-1B dependem obrigatoriamente de uma oferta de trabalho, o que pode ser uma limitação para quem está fora do país. 

Portanto, o caminho sem oferta de trabalho é viável, mas exige planejamento, organização documental e preparação para comprovar relevância profissional. 

Etapas gerais do processo: planejamento, vistos, legalização 

Embora cada profissão tenha particularidades, podemos resumir o processo de imigração para profissionais da saúde nos Estados Unidos em algumas etapas principais: 

1. Planejamento inicial 

  • Definir o objetivo: imigrar com a família? Trabalhar em hospital? Seguir carreira acadêmica? 
  • Escolher o visto mais adequado ao seu perfil. 
  • Pesquisar sobre exigências específicas da profissão. 

2. Preparação documental 

  • Reunir diplomas, históricos e certificados. 
  • Traduzir todos os documentos para o inglês por tradutores juramentados. 
  • Avaliar se há necessidade de certificações adicionais. 

3. Solicitação de visto 

  • Aplicar para a categoria de visto definida (EB-2 NIW, H-1B, J-1 etc.). 
  • Cumprir todas as etapas do processo junto ao USCIS e, em alguns casos, à embaixada americana. 

4. Revalidação profissional 

  • Iniciar a equivalência acadêmica por meio dos órgãos reguladores. 
  • Realizar provas como USMLE (para médicos), NPTE (para fisioterapeutas) ou NCLEX (para enfermeiros). 
  • Participar de residências ou treinamentos obrigatórios. 

5. Entrada e legalização nos Estados Unidos 

  • Chegar ao país com o visto aprovado. 
  • Seguir as regras de manutenção do status migratório. 
  • Continuar as etapas de validação profissional até obter a licença definitiva para atuar. 

Conclusão 

O processo de imigração para profissionais da saúde nos Estados Unidos é complexo, mas totalmente possível para quem se organiza com antecedência.  

Assim, entender a diferença entre imigração e revalidação de diploma, conhecer os tipos de visto disponíveis e preparar a documentação correta são passos fundamentais para ter sucesso. 

Ainda que o caminho envolva custos, tempo e esforço, o resultado compensa: atuar em um sistema de saúde avançado, com salários competitivos, tecnologia de ponta e reconhecimento profissional. 

Se você tem o sonho de viver essa experiência, o momento ideal para começar a se preparar é agora. Quanto mais cedo iniciar o planejamento, maiores serão as chances de conquistar o visto certo e atuar legalmente na sua área de formação. 

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