A carreira médica é uma das mais admiradas em todo o mundo, mas também uma das mais desafiadoras quando o assunto é imigração.  

Muitos profissionais de saúde formados fora dos Estados Unidos sonham em atuar no país, seja pela excelência do sistema de saúde americano, pelas oportunidades de desenvolvimento ou pela possibilidade de conquistar melhores condições financeiras e de qualidade de vida.  

No entanto, é comum que surja a dúvida: há espaço para médicos estrangeiros nos Estados Unidos? A resposta é sim, mas com importantes ressalvas.  

O mercado americano valoriza médicos qualificados, principalmente em áreas com escassez de profissionais, mas exige um processo rigoroso de validação, exames e treinamentos antes que o profissional possa atender legalmente. 

Neste artigo, vamos mostrar como está o panorama atual para médicos estrangeiros, quais áreas estão em alta, as etapas para validar o diploma, os exames necessários e os principais desafios desse caminho. 

Perguntas frequentes sobre o mercado de trabalho americano 

1. Quanto tempo leva para revalidar o diploma médico nos Estados Unidos? 

O processo pode durar de meses a alguns anos, dependendo da especialidade e do desempenho nos exames. 

2. Quanto custa em média o processo? 

Os custos variam entre US$ 15 mil e US$ 25 mil, considerando taxas de provas, traduções e deslocamentos. 

3. É possível aproveitar a residência feita no Brasil? 

Todo médico estrangeiro precisa refazer a residência médica nos Estados Unidos para obter licença, porém a experiência no Brasil pode agregar ao currículo. 

4. Qual visto é necessário para médicos estrangeiros? 

Normalmente, médicos entram com visto J-1, EB2 NIW ou H-1B, dependendo da fase do processo. 

5. Médicos estrangeiros ganham bem nos Estados Unidos? 

Sim. Segundo o jornal USA Today, o salário médio de um médico nos Estados Unidos ultrapassa US$ 200 mil anuais, variando conforme a especialidade e a região. 

Existe espaço para médicos estrangeiros nos Estados Unidos? 

Apesar de ser uma das potências mundiais em tecnologia e pesquisa médica, os Estados Unidos enfrentam escassez de profissionais de saúde.  

De acordo com a Association of American Medical Colleges (AAMC), o país pode enfrentar um déficit de até 124 mil médicos até 2034. 

Essa lacuna se deve ao envelhecimento da população, ao aumento da demanda por serviços de saúde e à aposentadoria de milhares de médicos americanos nos próximos anos.  

Saiba mais: Vale a pena ser médico nos Estados Unidos?  

Nesse cenário, os médicos estrangeiros nos Estados Unidos desempenham um papel essencial para suprir essa demanda. 

Hoje, de acordo com a pesquisa ‘International medical graduates in the US physician workforce’, estima-se que cerca de 26% dos médicos em atividade no país são estrangeiros, com forte presença de profissionais da Índia (23%), Caribe (18%), Paquistão (6%), Filipinas (6%) e México (5%). 

Isso significa que há espaço sim, mas a porta de entrada depende do cumprimento de etapas burocráticas e acadêmicas bastante exigentes. 

Áreas em alta e demanda por especialidades 

Nem todas as áreas médicas enfrentam a mesma demanda. Enquanto algumas especialidades são altamente concorridas, outras estão em déficit e buscam mais profissionais estrangeiros para suprir a carência, como: 

  • Medicina de família e clínica geral: base do sistema de saúde americano, mas pouco atrativa financeiramente para muitos médicos locais. 
  • Geriatria: em função do envelhecimento da população, cresce a necessidade de especialistas em idosos. 
  • Pediatria: embora seja uma área consolidada, há déficit em regiões rurais e suburbanas. 
  • Psiquiatria: uma das especialidades mais carentes nos Estados Unidos, especialmente após a pandemia, com aumento dos casos de ansiedade e depressão. 
  • Medicina interna (Internal Medicine): essencial para o acompanhamento de adultos, mas com déficit crescente. 
  • Urgência e emergência: hospitais e pronto-socorro precisam constantemente de novos profissionais. 

Já especialidades como dermatologia, oftalmologia ou cirurgia plástica tendem a ser mais competitivas, exigindo ainda mais preparo. 

Para médicos estrangeiros, as oportunidades são maiores em áreas de carência, principalmente em regiões afastadas dos grandes centros, onde a demanda supera a oferta. 

Quais são as exigências para revalidar o diploma? 

O primeiro passo para médicos estrangeiros nos Estados Unidos é entender que o diploma brasileiro (ou de qualquer outro país) não é automaticamente aceito.  

É necessário passar por um processo oficial de revalidação que garante que o profissional atenda aos padrões americanos. 

A seguir, conheça as principais exigências. 

1. Revalidação do diploma por agência credenciada 

Contar com o apoio de uma agência especializada, como a MIG, pode facilitar todo o processo, oferecendo: 

  • Suporte de uma equipe multidisciplinar formada por especialistas em imigração e profissionais da saúde;  
  • Cursos preparatórios e treinamentos intensivos; 
  • Acompanhamento contínuo para a revalidação do diploma. 

2. Provas específicas para obtenção da licença 

Cada área da saúde exige exames distintos para validar a atuação profissional nos Estados Unidos: 

  • Para médicos, é necessário ser aprovado no United States Medical Licensing Examination;  
  • Para enfermeiros, no National Council Licensure Examination;  
  • Para dentistas, no Integrated National Board Dental Examination.  

Essas avaliações comprovam o conhecimento teórico e prático, além do compromisso ético à profissão. 

3. Comprovação de proficiência em inglês 

A fluência no idioma é requisito obrigatório, geralmente atestada por exames como o TOEFL ou OET.

O TOEFL é amplamente aceito e voltado ao contexto acadêmico, avaliando leitura, audição, fala e escrita. Já o IELTS também testa essas habilidades, mas com maior foco na comunicação cotidiana, oferecendo versões específicas de acordo com o objetivo do candidato. 

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4. Documentação complementar 

Além dos exames, o profissional deve reunir documentos essenciais, como: 

  • Histórico acadêmico traduzido;  
  • Currículo em inglês no formato americano;  
  • Comprovação de experiência clínica; 
  • Cartas de recomendação. 

5. Autorização do conselho estadual 

Após cumprir todas as etapas anteriores, é preciso solicitar a licença junto ao state board do estado onde se pretende atuar (como o Texas Medical Board ou o California Board of Registered Nursing).  

Essa etapa envolve o preenchimento de formulários, pagamento de taxas, comprovação de visto de trabalho ou status migratório adequado e, em alguns casos, participação em entrevista ou conclusão de prática supervisionada, como Clinical Internship ou Residency

O que é necessário para passar pelo ECFMG e USMLE 

O ECFMG (Educational Commission for Foreign Medical Graduates) é o ponto de partida para todos os médicos estrangeiros nos Estados Unidos. Ele avalia se o diploma obtido fora do país é equivalente ao americano. Para obter a certificação, é necessário: 

  • Enviar histórico escolar e diploma médico para análise; 
  • Validar a instituição de ensino onde o curso foi realizado; 
  • Passar nas etapas iniciais do USMLE. 

O USMLE (United States Medical Licensing Examination), por sua vez, é dividido em três etapas: 

  1. A primeira etapa abrange as ciências fundamentais para a prática médica, como bioquímica, anatomia e fisiologia.  
  1. Em seguida, a 2o fase avalia o conhecimento e as habilidades clínicas, geralmente é feito no terceiro ou quarto ano.  
  1. Por fim, a terceira e última etapa para obter a licença ocorre durante o primeiro ou segundo ano da residência. 

A aprovação nesses exames é fundamental para avançar no processo de residência médica nos Estados Unidos. 

Como conseguir residência médica nos Estados Unidos 

Após a certificação do ECFMG e aprovação nos USMLE, o médico estrangeiro precisa passar pela residência médica americana, que é obrigatória para obter a licença de prática. 

Esse processo ocorre por meio do The Match, um sistema nacional que conecta médicos candidatos a programas de residência disponíveis nos hospitais americanos. 

Para aumentar as chances de aprovação, é importante: 

  • Ter boas notas nos exames USMLE; 
  • Apresentar cartas de recomendação de profissionais reconhecidos; 
  • Participar de programas de observership (estágios de observação) em hospitais americanos; 
  • Demonstrar domínio do inglês médico em entrevistas. 

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A residência médica dura em média de 3 a 7 anos, dependendo da especialidade escolhida. 

Principais desafios e como superá-los 

O caminho para médicos estrangeiros nos Estados Unidos é possível, mas não simples. Entre os principais desafios estão: 

  • Competitividade: muitos estrangeiros disputam vagas em áreas concorridas. 
  • Tempo e custo: o processo pode levar anos e custar entre US$ 15 mil e US$ 25 mil, considerando taxas de exames, traduções e deslocamentos. 
  • Adaptação cultural: a prática médica nos Estados Unidos pode ser bastante diferente da realidade brasileira, exigindo flexibilidade e adaptação. 
  • Inglês técnico: mesmo médicos com bom inglês geral enfrentam dificuldades com termos médicos avançados. 

Para superar esses obstáculos, o ideal é: 

  • Planejar-se financeiramente com antecedência; 
  • Iniciar os estudos para o USMLE ainda no Brasil; 
  • Investir em cursos de inglês médico; 
  • Buscar apoio em comunidades de médicos brasileiros que já atuam no país; 
  • Ter clareza de que o processo é longo, mas com recompensas significativas. 

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Mercado promissor, recompensa grande

O mercado americano é um dos mais promissores para médicos, mas também um dos mais exigentes. Para os médicos estrangeiros nos Estados Unidos, a jornada envolve estudo intenso, investimento e resiliência.  

Ainda assim, a recompensa é grande: atuar em um sistema de saúde avançado, com altos salários, acesso à tecnologia de ponta e qualidade de vida. 

Se você sonha em construir sua carreira médica nos Estados Unidos, o mais importante é começar o planejamento o quanto antes.  

Com organização, estudo e dedicação, é possível vencer as etapas burocráticas e conquistar o tão desejado sonho americano. 

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